Pesquisa/Texto: Redacção F&H
FOGO & HISTÓRIA dá-lhe conta do momento a partir do qual os bombeiros portugueses começaram a ver-se envolvidos no embrionário sistema do socorro pré-hospitalar. Circunscrito, no seu início, à cidade de Lisboa, o serviço inerente ao 115 (número telefónico de fácil memorização para solicitação de socorro, implementado em parceria com os CTT), surgiu da vontade governamental, a 13 de Outubro de 1965, através de despacho conjunto dos Ministérios do Interior e da Saúde.
Tendo por fim a "prestação de primeiros socorros, levantamento e transporte de feridos e doentes aos hospitais", foi então confiado, em exclusivo, à Polícia de Segurança Pública (PSP).
Em 1967, viu-se alargado às cidades do Porto e de Coimbra. E, três anos depois, 1970, às cidades de Aveiro, Setúbal e Faro.
O aumento de acidentes no espaço público, com destaque para a sinistralidade rodoviária, a consequente necessidade de ampliar a capacidade de resposta da organização do socorro a sinistrados e doentes, assim como a inevitabilidade de orientar e coordenar as diferentes entidades intervenientes em toda esta problemática, motivaram, pouco tempo depois, a criação do Serviço Nacional de Ambulâncias (SNA), dependente do Ministério do Interior e regido pelo Decreto-Lei n.º 511/71, de 22 de Novembro.
Mais-valia dos bombeiros para cobertura do socorro
"Reconhece-se a importância da actividade já desenvolvida por várias entidades públicas e privadas, salientando-se os corpos de bombeiros municipais e as associações humanitárias, que dispõem, presentemente, no conjunto, de 529 ambulâncias, cobrindo a grande maioria dos concelhos. Para isso tem contribuído não só o abnegado esforço dos seus dirigentes, de associados e elementos dos respectivos corpos activos, como também o Governo, através de subsídios concedidos, e a Fundação Calouste Gulbenkian."
À institucionalização do vulgarmente designado "SNA", em cujo Conselho Coordenador tinham assento os Inspectores de Incêndios das Zonas Norte e Sul, sucedeu-se a atribuição criteriosa dos primeiros postos de ambulância, subordinados a áreas de actuação própria.
O Serviço Nacional de Ambulâncias teve a sua inauguração oficial a 27 de Junho de 1972, nas instalações do 4.º Esquadrão da Guarda Nacional Republicana (GNR), sediado na Ajuda, em cerimónia presidida pelo Ministro do Interior, António Manuel Gonçalves Rapazote (1910-1985).
O momento ficou marcado pela entrega de 12 novas viaturas (presumivelmente, na totalidade ou em parte, da marca Mercedes-Benz, modelo 200 D, de cor vermelha e branca, com a iluminação de emergência amarela), às quais o governante passou revista, sendo abrangidas as seguintes entidades, conforme noticiado ao tempo pelo vespertino Diário de Lisboa: GNR, PSP e Bombeiros de Lisboa, Porto, Faro, Chamusca, Agualva-Cacém, Tavira, Portimão, Viana do Castelo e Póvoa de Varzim.
Competindo ao novo Serviço que as ambulâncias satisfizessem um quadro de adequadas características, incluindo a tipologia das regiões onde iriam ficar alocadas, as unidades entregues na ocasião corresponderam a ambulâncias medicalizáveis, com equipamento sanitário e de telecomunicações.
Mudança de paradigma e entrada numa nova era
Paralelamente, cabendo ao SNA promover a instrução dos socorristas, impõe-se referir, muito justamente, o importante papel desempenhado neste domínio pela Cruz Vermelha Portuguesa (esta instituição completou 159 anos de existência no dia 11 de Fevereiro), na realização de cursos essenciais de socorrismo, o que proporcionou um avanço qualitativo no processo de abordagem e tratamento das vítimas, em sinistros, intoxicações e agressões, entre outros casos.
Intervindo na cerimónia inaugural, o Ministro Gonçalves Rapazote afirmou que a "hora é de acção e não de palavras". Estava certo o titular da pasta do Interior, pois o socorro pré-hospitalar havia acabado de entrar numa nova e imparável dinâmica decorrente das constantes mutações da vida moderna, embora jamais imaginando que os bombeiros portugueses, derivado ao seu crescente e aperfeiçoado envolvimento futuro, viriam a tornar-se no mais poderoso parceiro, gravitando à sua volta a garantia operacional de um sistema de reconhecida indispensabilidade.
No ano de 1981, o Serviço Nacional de Ambulâncias deu lugar ao actual Instituto Nacional de Emergência Médica, organismo cuja implantação, desde a primeira hora, ficou a dever-se a uma personalidade visionária: Francisco Rocha da Silva (1919-2000), médico cardiologista, o pai da emergência médica em Portugal.
Fotos: Arquivo F&H
Na circunstância, o Estado entendeu considerar os bombeiros, inscrevendo na introdução do referido diploma legislativo:
À institucionalização do vulgarmente designado "SNA", em cujo Conselho Coordenador tinham assento os Inspectores de Incêndios das Zonas Norte e Sul, sucedeu-se a atribuição criteriosa dos primeiros postos de ambulância, subordinados a áreas de actuação própria.
O Serviço Nacional de Ambulâncias teve a sua inauguração oficial a 27 de Junho de 1972, nas instalações do 4.º Esquadrão da Guarda Nacional Republicana (GNR), sediado na Ajuda, em cerimónia presidida pelo Ministro do Interior, António Manuel Gonçalves Rapazote (1910-1985).
O momento ficou marcado pela entrega de 12 novas viaturas (presumivelmente, na totalidade ou em parte, da marca Mercedes-Benz, modelo 200 D, de cor vermelha e branca, com a iluminação de emergência amarela), às quais o governante passou revista, sendo abrangidas as seguintes entidades, conforme noticiado ao tempo pelo vespertino Diário de Lisboa: GNR, PSP e Bombeiros de Lisboa, Porto, Faro, Chamusca, Agualva-Cacém, Tavira, Portimão, Viana do Castelo e Póvoa de Varzim.
Competindo ao novo Serviço que as ambulâncias satisfizessem um quadro de adequadas características, incluindo a tipologia das regiões onde iriam ficar alocadas, as unidades entregues na ocasião corresponderam a ambulâncias medicalizáveis, com equipamento sanitário e de telecomunicações.
Mudança de paradigma e entrada numa nova era
Paralelamente, cabendo ao SNA promover a instrução dos socorristas, impõe-se referir, muito justamente, o importante papel desempenhado neste domínio pela Cruz Vermelha Portuguesa (esta instituição completou 159 anos de existência no dia 11 de Fevereiro), na realização de cursos essenciais de socorrismo, o que proporcionou um avanço qualitativo no processo de abordagem e tratamento das vítimas, em sinistros, intoxicações e agressões, entre outros casos.
Intervindo na cerimónia inaugural, o Ministro Gonçalves Rapazote afirmou que a "hora é de acção e não de palavras". Estava certo o titular da pasta do Interior, pois o socorro pré-hospitalar havia acabado de entrar numa nova e imparável dinâmica decorrente das constantes mutações da vida moderna, embora jamais imaginando que os bombeiros portugueses, derivado ao seu crescente e aperfeiçoado envolvimento futuro, viriam a tornar-se no mais poderoso parceiro, gravitando à sua volta a garantia operacional de um sistema de reconhecida indispensabilidade.
No ano de 1981, o Serviço Nacional de Ambulâncias deu lugar ao actual Instituto Nacional de Emergência Médica, organismo cuja implantação, desde a primeira hora, ficou a dever-se a uma personalidade visionária: Francisco Rocha da Silva (1919-2000), médico cardiologista, o pai da emergência médica em Portugal.
Fotos: Arquivo F&H