Pesquisa/Texto: Redacção F&H
A 12 de Junho de 1966, em Matosinhos, por ocasião do seu 17.º Congresso, os bombeiros portugueses davam mostra da sua capacidade numa parada que reuniu cerca de 1800 homens e 200 viaturas provenientes de todo o país.
A 12 de Junho de 1966, em Matosinhos, por ocasião do seu 17.º Congresso, os bombeiros portugueses davam mostra da sua capacidade numa parada que reuniu cerca de 1800 homens e 200 viaturas provenientes de todo o país.
O momento mereceu a presença da RTP, que apresentou a respectiva reportagem no noticiário nacional.
Hoje, a mesma faz parte do riquíssimo arquivo da televisão pública e merece o nosso destaque, porquanto, além do seu intrínseco valor histórico, documenta um período da vida da Instituição-Bombeiros sobre o qual, por vezes, testemunhos de quem dele fez parte resultam imprecisos na caracterização. Vem isto a propósito de recente interesse jornalístico em torno das condições de trabalho antes do 25 de Abril.
Vejamos, pois, contextualizando:
Na generalidade, as então designadas corporações apresentavam um estado de aparente desenvolvimento, sendo muitas as diferenças entre si.
O apoio financeiro do Estado limitava-se à distribuição da colecta cobrada pela Inspecção de Seguros; os quartéis tratavam-se, na sua maioria, de imóveis desadequados; os veículos, mais vistosos do que operacionais, eram adquiridos e mantidos com grande dificuldade pelas associações, sempre na dependência da generosidade dos seus associados e dos segmentos mais abonados da população; a formação dos quadros activos assentava essencialmente na componente prática, compreendendo esta, por exemplo, arriscadas manobras do século passado.
Os poucos avanços técnicos verificados decorriam, sobretudo, de acções isoladas de algumas direcções e de alguns comandos de mente visionária, entusiastas da modernidade que se fazia sentir no estrangeiro.
Perante as evidências do crescimento urbano e industrial nas principais localidades do país, os corpos de bombeiros apresentavam um défice de material e, como tal, revelavam-se desfasados da tipologia das respectivas áreas de intervenção. Eram excepção os Batalhões de Sapadores Bombeiros de Lisboa e do Porto e aqueles que haviam sido dotados de modernos pronto-socorros de nevoeiro, distribuídos pelas Inspecções de Incêndios das Zonas Norte e Sul, mediante critérios que, apesar de discutíveis, procuravam dar resposta às necessidades e assinalar uma nova era de responsabilidade do Estado.
Hoje, a mesma faz parte do riquíssimo arquivo da televisão pública e merece o nosso destaque, porquanto, além do seu intrínseco valor histórico, documenta um período da vida da Instituição-Bombeiros sobre o qual, por vezes, testemunhos de quem dele fez parte resultam imprecisos na caracterização. Vem isto a propósito de recente interesse jornalístico em torno das condições de trabalho antes do 25 de Abril.
Vejamos, pois, contextualizando:
Na generalidade, as então designadas corporações apresentavam um estado de aparente desenvolvimento, sendo muitas as diferenças entre si.
O apoio financeiro do Estado limitava-se à distribuição da colecta cobrada pela Inspecção de Seguros; os quartéis tratavam-se, na sua maioria, de imóveis desadequados; os veículos, mais vistosos do que operacionais, eram adquiridos e mantidos com grande dificuldade pelas associações, sempre na dependência da generosidade dos seus associados e dos segmentos mais abonados da população; a formação dos quadros activos assentava essencialmente na componente prática, compreendendo esta, por exemplo, arriscadas manobras do século passado.
Os poucos avanços técnicos verificados decorriam, sobretudo, de acções isoladas de algumas direcções e de alguns comandos de mente visionária, entusiastas da modernidade que se fazia sentir no estrangeiro.
Perante as evidências do crescimento urbano e industrial nas principais localidades do país, os corpos de bombeiros apresentavam um défice de material e, como tal, revelavam-se desfasados da tipologia das respectivas áreas de intervenção. Eram excepção os Batalhões de Sapadores Bombeiros de Lisboa e do Porto e aqueles que haviam sido dotados de modernos pronto-socorros de nevoeiro, distribuídos pelas Inspecções de Incêndios das Zonas Norte e Sul, mediante critérios que, apesar de discutíveis, procuravam dar resposta às necessidades e assinalar uma nova era de responsabilidade do Estado.
A operacionalidade dos bombeiros dependia, praticamente em exclusivo, da boa-vontade dos seus dedicados e disciplinados voluntários, que dispunham dos meios possíveis para fazer face aos desafios da vida moderna, muitas vezes, improvisando.
O próprio voluntariado ficava aquém de outros tempos. A juventude, mobilizada, em larga percentagem, para a guerra colonial, via-se impedida de exercer a actividade de bombeiro durante o longo período do serviço militar, não havendo lugar a dispensa.
Em termos de fardamento de trabalho, este cumpria os regulamentos, mas não deixava de ser inapropriado, ignorando aspectos de protecção individual, porque também não havia aturados hábitos de cultura de segurança.
O bombeiro era visto como um ser intrépido, qualidade considerada bastante para vencer a adversidade.
Portanto, para caracterizarmos os bombeiros existentes durante o antigo regime, temos de olhar a factores de ordem social, política, geográfica e cultural.
Transmitir uma imagem de fragilidade, conforme vem sucedendo, sem fundamentar, é incorrecto e redutor para a própria Instituição-Bombeiros, correndo-se o risco de ficar instalada na opinião pública a ideia de que os bombeiros correspondiam a uma organização sem créditos.
Ora, não é, apesar de tudo, o que mostram as imagens recolhidas pelos operadores de câmara da RTP. O que vemos é uma expressiva afirmação de qualidades morais e cívicas, consubstanciada no património humano e material dos corpos de bombeiros, fruto da inigualável capacidade de realização da sociedade civil, sob o alto desígnio de garantir a defesa das vidas e haveres do povo português.