ACTUALIDADE  Santo Tirso vai ter monumento de homenagem ao bombeiro. O respectivo projecto foi apresentado por ocasião do Dia Municipal do Bombeiro, comemorado no dia 18 de Maio. | Integrada nas comemorações dos 95 anos dos Bombeiros Voluntários de Mangualde, foi inaugurada uma exposição fotográfica alusiva à história da instituição, que estará patente até ao final do ano. | A Assembleia Municipal de Lisboa, reunida no passado dia 6 de Fevereiro, aprovou uma recomendação à Câmara onde é defendida a instalação do Museu do Regimento de Sapadores Bombeiros "num espaço digno e com as condições adequadas para a preservação da valiosa colecção, procurando dinamizar este equipamento nas suas diversas valências".

 

24 de maio de 2024

EDITORIAL: O ESTADO DA ARTE


"Que importa projectar a história dos bombeiros portugueses fora do nosso âmbito, quando internamente, nos últimos tempos, nada se tem feito e até abdicado dela?" 



Como está a ser tratada a história dos bombeiros?

Tomamos a iniciativa de dar resposta à pergunta, avançando com o nosso ponto de vista, porventura, polémico.

Os grandes zeladores da história têm sido e continuam a ser os responsáveis locais pelas associações e corpos de bombeiros.

Apesar de envolvidos num contexto de agravadas dificuldades que requerem cada vez mais a adopção de apertados critérios de gestão, deve-se a eles, em exclusivo, toda uma obra de exaltação, configurada, sobretudo, na recuperação de veículos antigos, elaboração de monografias e instalação de espaços-museu. Por sinal, em condições de crescente qualidade, consequência natural do recurso à colaboração de especialistas nas áreas do restauro automóvel, investigação, design gráfico e museologia, o que tem concorrido para um maior êxito das acções empreendidas.

Acresce-nos ainda apontar todo o tipo de iniciativas informais, levadas a efeito por particulares, nas redes sociais e noutros meios de comunicação cibernética, através das quais se vai verificando uma presença assídua da história e da memória, contemplando vários segmentos da actividade dos bombeiros.

Já à escala nacional, a situação não nos parece tão risonha.

Certa megalomania, consubstanciada em objectivos irrealizáveis, tem revelado desconhecimento do fenómeno, além de insensibilidade para promover uma agenda cultural apostada na organização de eventos versáteis e prestigiantes, capazes de atrair a atenção do público, intra e extra bombeiros.

Fazem falta, por exemplo, os encontros sobre a história dos bombeiros, talvez mais valorizados do ponto de vista académico, mas sempre focados na discussão e no fomento de princípios e acções conducentes ao estudo, preservação e divulgação de uma vivência social cuja riqueza do seu vasto património - material e imaterial - justifica ser colocada num patamar elevado, ao lado das grandes histórias institucionais.

Que importa projectar a história dos bombeiros portugueses fora do nosso âmbito, quando internamente, nos últimos tempos, nada se tem feito e até abdicado dela?

Não basta produzir inflamados discursos por ocasião de infundadas efemérides, é preciso ter iniciativa de investimento e resultados práticos. 

"Qualquer caminho leva a toda a parte", disse Fernando Pessoa. E a história dos bombeiros em Portugal, ao nível superior, bem precisa de encontrar um caminho que alavanque a manutenção defensiva das tradições e da identidade, por vezes, ameaçadas pela negatividade de transformados sistemas e pelo descuido intencional de alguns homens.


Luís Miguel Baptista
lmb.fogo.historia@gmail.com