
Os grandes incêndios não esquecem. Ficam na história dos casos tristes do dia a dia, numa recordação de horror e também num pensamento de elogio e agradecimento a quantos, nesses momentos cruciais do fogo, com ele se bateram, com heroísmo e sacrifício.
Passam os anos e os acontecimentos, que tiveram o fogo por culpa, passam a todas as gerações, descritos em família, aos serões, a propósito dum acidente actual ou conversa habitual.
Temos tido em Portugal fogos de elevada categoria. Lisboa viveu com pavor alguns incêndios que ficaram célebres na história dos desastres citadinos, como essas grandiosas fornalhas que foram os das Encomendas Postais, na Praça do Comércio, o do Depósito de Fardamentos, em Santa Clara, dos mais violentos, Cadeia do Limoeiro, o tristemente célebre incêndio do prédio da rua da Madalena, Teatros República e do Ginásio, Palácio de Queluz, igreja de S. Mamede, estes que se lembram de repente, ao correr da pena, sem esquecer os tão graves e mais recentes da igreja de S. Domingos e do Teatro Nacional.
São fogos que não esquecem, que fazem história.
Foto: Ilustração Portugueza
Incêndio das Encomendas Postais, em Lisboa, a 2 de Maio de 1919