ACTUALIDADE  Santo Tirso vai ter monumento de homenagem ao bombeiro. O respectivo projecto foi apresentado por ocasião do Dia Municipal do Bombeiro, comemorado no dia 18 de Maio. | Integrada nas comemorações dos 95 anos dos Bombeiros Voluntários de Mangualde, foi inaugurada uma exposição fotográfica alusiva à história da instituição, que estará patente até ao final do ano. | A Assembleia Municipal de Lisboa, reunida no passado dia 6 de Fevereiro, aprovou uma recomendação à Câmara onde é defendida a instalação do Museu do Regimento de Sapadores Bombeiros "num espaço digno e com as condições adequadas para a preservação da valiosa colecção, procurando dinamizar este equipamento nas suas diversas valências".

 

21 de junho de 2024

QUANDO O EDIFÍCIO DA ACTUAL ENB PEGOU FOGO


Pesquisa/Texto: Redacção F&H

A 24 de Outubro de 1946, os bombeiros foram chamados à Quinta do Anjinho, em Ranholas, perto de Sintra, não para participar numa acção de formação mas com a finalidade de debelar as chamas que irrompiam da nova morada dos condes de Paris.
Longe das ideias que, um dia, ali iria funcionar a Escola Nacional de Bombeiros (ENB), todos se desempenharam com aproveitamento perante o único grande mestre de então: o fogo.



Eram 13 horas, sensivelmente, quando a empregada da família real francesa detectou o incêndio. Vendo brasas a caírem da chaminé e labaredas a saírem do telhado do palácio, alertou de imediato para a situação, sendo tocado a rebate o sino da quinta.

Os condes de Paris preparavam-se para almoçar, desfrutando há uma semana do bucólico local que o exílio, por contingências da II Guerra Mundial, havia tornado residência arrendada.

Solicitados os socorros dos bombeiros dos arredores, via telefone, responderam de pronto os Voluntários de Sintra (com três viaturas e 25 elementos), S. Pedro de Sintra e Agualva-Cacém (números desconhecidos).

Pela sua proximidade, o primeiro auxílio foi prestado por pessoal agrícola da propriedade, população de Ranholas e reclusos da Colónia Penal Agrícola, situada em terreno vizinho.

Compareceram também os Voluntários do Estoril, mas os seus meios retiraram-se quase logo após a chegada, por não se revelarem necessários.

Segundo as fontes consultadas, o incêndio eclodiu na chaminé, propagando-se com rapidez à cobertura do edifício.

Entretanto, o madeiramento do telhado ruiu e provocou desabamentos nos tectos do primeiro piso e do rés-do-chão.

A estratégia de combate às chamas compreendeu o emprego de três moto-bombas e oito agulhetas, tendo sido utilizada, abundantemente, a água existente em lagos, poços e numa represa.

Apesar de dificuldades criadas por muito vento, os bombeiros consideraram o incêndio controlado passada pouco mais de uma hora sobre a sua identificação. Às 16 horas, deram-no como extinto e com o rescaldo efectuado.

O comando das operações esteve a cargo de Joaquim Cunha, Comandante dos Bombeiros Voluntários de Sintra, coadjuvado pelo seu 2.º Comandante, Manuel Cunha, bem como pelos Chefes Filipe da Eva e Artur Lage, dos Bombeiros Voluntários de S. Pedro de Sintra e de Agualva-Cacém, respectivamente.





Condessa de Paris grata a populares e bombeiros

O imóvel, restaurado há quatro anos, ficou inabitável. Os condes de Paris somente vieram a ocupá-lo, de novo e em definitivo, no ano seguinte.

Os prejuízos, avaliados acima dos mil contos e cobertos pelo seguro, resultaram do incêndio e da água empregue nos trabalhos de extinção, compreendendo mobiliário, adornos e obras de arte que decoravam o interior das dependências mais afectadas.

A condessa de Paris, interpelada na ocasião pela reportagem do Diário de Notícias, agradeceu sensibilizada a solidariedade da população e a rápida intervenção dos bombeiros, que em conjugação de esforços, através do recurso a espias, colocaram a salvo parte do recheio do palácio. De igual modo, a sua acção revelou-se decisiva na protecção de um anexo e do palheiro, ambos sem danos a registar.

As imagens que reproduzimos dão uma ideia da dimensão do sinistro.

A título de curiosidade, saliente-se a diferença arquitectónica da fachada do edifício, comparativamente com o seu aspecto actual.

À data do incêndio, a Quinta do Anjinho ainda era propriedade da Sociedade Estoril Plage, de Fausto de Figueiredo, o homem que transformara o Estoril num destino turístico internacional. 

O  Estado português adquiriu a propriedade, aos condes de Paris, em 18 de Dezembro de 1987, data da outorga da escritura, para instalação da ENB, sob a alçada do Serviço Nacional de Bombeiros.

O primeiro curso, de aperfeiçoamento para chefes e subchefes de corpos de bombeiros da região do Algarve, decorreu de 11 a 16 de Março de 1988, com a participação de 22 elementos.