ACTUALIDADE  Santo Tirso vai ter monumento de homenagem ao bombeiro. O respectivo projecto foi apresentado por ocasião do Dia Municipal do Bombeiro, comemorado no dia 18 de Maio. | Integrada nas comemorações dos 95 anos dos Bombeiros Voluntários de Mangualde, foi inaugurada uma exposição fotográfica alusiva à história da instituição, que estará patente até ao final do ano. | A Assembleia Municipal de Lisboa, reunida no passado dia 6 de Fevereiro, aprovou uma recomendação à Câmara onde é defendida a instalação do Museu do Regimento de Sapadores Bombeiros "num espaço digno e com as condições adequadas para a preservação da valiosa colecção, procurando dinamizar este equipamento nas suas diversas valências".

 

24 de maio de 2024

EMBLEMA ALIA TRADIÇÃO À MODERNIDADE


Texto: Redacção F&H
Fotos: AHBVAV

A emblemática dos bombeiros tem conhecido nos últimos anos uma certa evolução, embora nem sempre no melhor sentido.
Nesta oportunidade, e porque a nossa função é valorizar a história e divulgar a acção daqueles que nutrem por ela profundo respeito, destacamos a opção tomada pela Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez (AHBVAV), recorrendo para o efeito às explicações do seu Presidente da Direcção, Germano Amorim.




Fundada há 135 anos, completados no dia 5 de Maio, a AHBVAV orgulha-se do seu trajecto e por isso conserva e ostenta, com grande nobreza, como representação simbólica da sua existência, o primeiro emblema em uso na instituição.

Valorizado ao nível do design, do que resultou uma versão de linhas rejuvenescidas, presidiu à intervenção realizada o propósito de "recuperar a história, com intuito de honrar o passado, de forma a valorizar o presente e melhor antecipar o futuro", disse o Presidente Germano Amorim a FOGO & HISTÓRIA.

Dois dos mais antigos e mais vistosos vestígios do emblema primitivo, um dos quais reproduzido num quadro a óleo, estão bem visíveis em espaços públicos e são dignos de ser apreciados.

"A adopção no nosso emblema das duas divisas, a original e a actual simbolizam assim a simbiose entre a génese e o contemporâneo. Esse é o significado da dupla utilização, sendo que a originária está colocada em matéria de cerâmica na fachada principal do recém-recuperado edifício que alberga o quartel da nossa Associação", referiu Germano Amorim.

Sensível ao tema, aquele dirigente entende que "falar da história dos bombeiros é uma forma de compreender o mundo em que vivemos", enfatizando: "É bom conhecê-la, para que os bombeiros de amanhã possam escolher o melhor percurso com conhecimento de causa."






História, identidade e força de vontade

Os Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez surgiram em 1889, ano da criação, na cidade de Boston, das primeiras escolas de bombeiros, curiosidade recordada pelo Presidente da Direcção, marcando ao mesmo tempo a sua coerência discursiva acerca da importância da história.

No depoimento que nos concedeu, mostrou tratar-se de um responsável culturalmente atento e interessado pela evolução do serviço de incêndios à escala universal.

"Com o avanço das civilizações, o homem começou a organizar-se para prevenir e combater os incêndios. Uma das primeiras organizações de combate ao fogo foi criada na antiga Roma, em 27 A.C., com a finalidade de patrulhar todas as ruas da cidade, manter a ordem e impedir a origem de qualquer incêndio", trouxe também à memória Germano Amorim, complementando que "ao longo da história foi notória a escassez de meios e por isso houve muitas dificuldades para extinguir incêndios, especialmente aqueles de grandes proporções e de difíceis acessos".

Licenciado em Direito, não admira portanto que o nosso interlocutor tivesse destacado, ainda, um facto histórico relacionado com a ordem jurídica. Pois bem, "no ano de 872, em Oxford, na Inglaterra, foi concebida uma lei com a finalidade da criação de um toque de alerta, onde o mesmo era accionado sempre que houvesse qualquer início de incêndio."

De um modo geral, na sua estética, a emblemática dos bombeiros corporiza detalhes da história e difunde uma identidade própria. Repare-se, por exemplo, no emblema em apreço, o capacete, os machados, o croque, o archote, a escada de ganchos e a espia.

No nosso país, é vasto e variado o conjunto de representações simbólicas alusivas às associações e corpos de bombeiros, algumas das quais muito peculiares e revestidas de valor artístico mas que têm vindo a ser substituídas por concepções gráficas de gosto discutível, inspiradas em modelos estrangeiros, sobretudo, de origem norte-americana. A dada altura abordámos aqui mesmo este assunto, lamentando o fenómeno de aculturação vivido no seio dos bombeiros portugueses e as suas inevitáveis consequências na descaracterização da imagem das instituições.

O exemplo seguido pela AHBVAV contraria o que, por vezes, parece ter-se generalizado e configura um compromisso com a matriz institucional e sua preservação, de resto, princípio que podemos considerar estar subjacente às palavras finais do Presidente Germano Amorim: "Desde 5 de Maio de 1889, e até onde a força de vontade dos homens perdurar, fazer o bem sem olhar a quem, onde quer que seja necessário e haja alguém ou algo em perigo, é o nosso desígnio."