Pesquisa/Texto: Redacção F&H
João Baptista Ribeiro (1859-1929), Ajudante do Corpo de Bombeiros Municipais de Lisboa (CBML), foi o inventor do cinto de salvado, vulgo cinto conjugado. Mais um exemplo de talento, colocado ao serviço da progressão e eficiência dos meios de salvamento.Estávamos nos anos 20 quando João Baptista Ribeiro, em paralelo com a actividade de bombeiro, decidiu dedicar-se à invenção do cinto de salvação conjugado.
O novo engenho, de início adoptado apenas pelo CBML (1924), tornou-se célebre pelas suas vantagens e acabou por fazer parte do equipamento da generalidade dos corpos de bombeiros do país.
Ao longo do tempo sujeito a algumas alterações de aperfeiçoamento, o cinto conjugado manteve-se em utilização durante anos, nomeadamente até finais do século passado, figurando, inclusive, nos planos de manobras e instrução.
Em 1957, numa conferência proferida no âmbito do Grupo "Amigos de Lisboa", o Comandante do então Batalhão de Sapadores Bombeiros de Lisboa, Tenente-Coronel Luís Ribeiro Viana, detendo-se na figura de João Baptista Ribeiro, descreveu:
"O seu cinto de salvados substituindo o lais de guia dobrado, nó feito com a espia na altura do salvamento, veio dar maior segurança e comodidade à descida do salvado, sem prejudicar a rapidez da execução. Foi estudado por forma criteriosa pois permite, com um duplo jogo de fivelas, ligar desde a pessoa mais pesada ao indivíduo mais franzino. O cinto está ainda hoje em uso, como meio indispensável de salvamento, e todas as viaturas de socorro do Batalhão dispõem de tal aparelho. Esta forma como o invento resiste ao tempo, quando o progresso acentuado, dos nossos dias, torna velhos em poucos meses, os sistemas julgados mais avançados, mostra bem o génio inventivo do seu autor e o conhecimento perfeito que tinha dos problemas da sua profissão."
Outra descrição, presente no "Elucidário do Bombeiro" (1926), da autoria de Alfredo dos Santos e Amadeu César da Silva, do Corpo de Bombeiros Municipais de Lisboa, esclarece, com maior pormenor técnico, o aparelho em apreço:
"Os cintos conjugados, como o seu nome o diz, são dois cintos de mangueira de lôna, de diferentes comprimentos, ligados proximo das fivelas respectivas por uma tira, igualmente de mangueira, tendo fixo no terço superior um triangulo de ferro, onde prende uma espia de salvados.
A manobra com os cintos conjugados executa-se tambem com dois bombeiros, dos quais o mais graduado, recebendo do camarada a extremidade do cinto maior, coloca a fivela respectiva sobre o peito do individuo a salvar, afivelando lhe, em seguida, o mesmo cinto sob os braços. Em seguida procede como se trabalhasse com a espia com balso.
O outro bombeiro, depois de entregar ao camarada a extremidade maior, põe um joelho em terra e afivela o cinto menor logo acima dos joelhos do salvado; depois do que se ergue, prende a espia fina no triangulo de ferro já citado, em seguida ao que ambos colocam o salvado no parapeito ou corrimão da janela, procedendo em tudo mais como com o balso."
Um glorioso bombeiro de Portugal
Na opinião do Coronel Luís Ribeiro Viana, emitida por ocasião da conferência atrás mencionada, o Ajudante João Baptista Ribeiro pertenceu a uma "plêiade gloriosa" de bombeiros.
Por seu lado, a imprensa considerou-o como sendo "um dos mais queridos beneméritos do povo de Lisboa".
Inicialmente bombeiro voluntário, pertenceu, segundo fontes consultadas, aos Bombeiros Voluntários da Ajuda, onde desempenhou o cargo de 2.º Comandante, e aos Salvadores Bombeiros do Grémio Humanitário de Portugal, organização sediada na baixa de Lisboa e que teve vida efémera. Mais tarde ingressou no CBML, chegando a assumir, na fase final da sua vida, as funções de Conservador do respectivo Museu.
Interveio nos sinistros de maior envergadura verificados na capital, entre os quais o pavoroso incêndio da Rua da Madalena, deflagrado de 9 para 10 de Abril de 1907.
Recebeu 19 louvores e ostentava ao peito, com grande galhardia, várias condecorações.
Pelos "relevantes serviços prestados na sua longa carreira de funcionário superior do Corpo de Bombeiros Municipais de Lisboa", o Governo, por proposta do Ministro do Interior, distinguiu João Baptista Ribeiro com o grau de Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada (decreto de concessão assinado em 19 de Junho de 1929 e publicado no Diário do Governo n.º 143, de 24 de Junho de 1929).
Faleceu a 2 de Setembro de 1929, aos 70 anos de idade.
Por seu lado, a imprensa considerou-o como sendo "um dos mais queridos beneméritos do povo de Lisboa".
Inicialmente bombeiro voluntário, pertenceu, segundo fontes consultadas, aos Bombeiros Voluntários da Ajuda, onde desempenhou o cargo de 2.º Comandante, e aos Salvadores Bombeiros do Grémio Humanitário de Portugal, organização sediada na baixa de Lisboa e que teve vida efémera. Mais tarde ingressou no CBML, chegando a assumir, na fase final da sua vida, as funções de Conservador do respectivo Museu.
Interveio nos sinistros de maior envergadura verificados na capital, entre os quais o pavoroso incêndio da Rua da Madalena, deflagrado de 9 para 10 de Abril de 1907.
Recebeu 19 louvores e ostentava ao peito, com grande galhardia, várias condecorações.
Pelos "relevantes serviços prestados na sua longa carreira de funcionário superior do Corpo de Bombeiros Municipais de Lisboa", o Governo, por proposta do Ministro do Interior, distinguiu João Baptista Ribeiro com o grau de Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada (decreto de concessão assinado em 19 de Junho de 1929 e publicado no Diário do Governo n.º 143, de 24 de Junho de 1929).
Faleceu a 2 de Setembro de 1929, aos 70 anos de idade.
Em homenagem à sua memória, corria o ano de 1966, a Câmara Municipal de Lisboa atribuiu o seu nome a uma das artérias da cidade, na freguesia de Benfica (Rua João Baptista Ribeiro).