Durante muitos anos a data de 18 de Agosto foi consagrada como Dia do Bombeiro, assinalando a vitória dos bombeiros portugueses, sob o comando de Guilherme Gomes Fernandes, no Concurso Internacional de Bombeiros, realizado em Vincennes, perto de Paris, por ocasião da Exposição Universal de 1900, patente na capital francesa.
O Dia do Bombeiro ocorreu, pela primeira vez, a 18 de Agosto de 1923, por iniciativa do Comandante Eduardo do Nascimento Soares, Inspector do Serviço de Incêndios do Concelho de Oeiras. Na ocasião teve lugar uma romagem ao túmulo de Guilherme Gomes Fernandes, no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa (o seu corpo foi transladado para o Cemitério do Prado do Repouso, na cidade Invicta, no ano de 1950).
A efeméride manteve-se inalterável até 1986, ano no qual os representantes dos bombeiros portugueses, reunidos em congresso, decidiram transferir o Dia do Bombeiro para o último domingo do mês de Maio, associando a este o significado da data de 30 de Maio de 1932, que regista a aprovação dos primeiros estatutos da Liga dos Bombeiros Portugueses, por portaria do Ministério do Interior, e o reconhecimento da existência legal da confederação.
O triunfo histórico de 1900 era lembrado em todo o país, sendo organizados para o efeito, pelas associações e corpos de bombeiros, diferentes actos públicos, tais como, romagens aos cemitérios, desfiles, inauguração de viaturas, simulacros, entrega de condecorações e promoção de novos bombeiros.
Por inacção dos homens, a data está praticamente esquecida no calendário dos bombeiros portugueses.
Em razão disso, é de admitir que as novas gerações de bombeiros desconheçam quem foi Guilherme Gomes Fernandes e muito menos saibam o que aconteceu em Vincennes.
Atendendo a que a história desempenha uma função essencial na orientação da vida humana, lançamos o desafio às organizações do sector no sentido de reservarem espaço à doutrina, tendo por base factos e figuras relevantes. E mais, ainda: para que o 18 de Agosto não se apague, de vez, da memória colectiva, seria desejável, todos os anos, promover algo de simbólico tendente a assinalar um feito que projectou, ao nível internacional, o valor dos bombeiros portugueses. O hasteamento de bandeiras nos quartéis, perante formatura do pessoal de serviço, talvez pudesse ser um acto a considerar como atitude positiva e à altura de honrar aqueles que nos antecederam e lançaram as sementes do futuro.
Nas imagens: Convivas do banquete comemorativo do Dia do Bombeiro de 1926, à porta do Restaurante Tavares, em Lisboa. Revista Ilustração, 1 de Setembro de 1926. | Guilherme Gomes Fernandes (1850-1902). Revista O Occidente, 10 de Novembro de 1902.